(Aos Pais que já não
estão mais entre nós, inclusive o meu).
Quando eu era criança lá pelos meus
sete anos de idade, aprendi uma lição que jamais esqueci:"homem não
chora", dizia meu pai. Assim, escondido, encolhido,
apertando os joelhos no peito, por várias vezes, curtia as lágrimas a escorrer
sobre as feridas raladas da minha infância!
Foi sob esse pensamento , que os homens
da minha época foram educados:” homem não chora”!
Até que numa tarde quente de março, o céu, de
repente, escureceu e uma violenta tempestade de granizo destruiu todo o arrozal
que vergava pelo peso de seus cachos dourados, em ponto de colheita! Vi meu pai
olhar impotente e humilhado, a força do
vendaval destruindo tudo! Vi aquele nosso herói, enfraquecido, desabando em
lágrimas! Foi a cena mais triste que já tinha visto! Quase morri de pena dele! Confesso que também chorei!
Hoje, vejo certos homens que não
choram! Não, porque foram educados assim, mas porque não conseguem se
sensibilizar com a vulgarização da violência gratuita, noticiada diariamente, por belos rostos jovens nos telejornais. Com o
mesmo sorriso com que falam da vitória de um grande time de futebol, revelam
mais um caso de estupro, uma grávida que morreu na calçada do hospital, recém-nascidos
mortos pelo descaso de políticos...!
Com o passar dos anos, a gente vai amolecendo; vai
virando como se dizia antigamente -"um manteiga derretida"! Um
forte abraço de uma criança, e lá vem uma lágrima! Não me envergonho de dizer
que me comovo ao ver nações conquistando a liberdade, vencendo a tirania, pondo
abaixo ditaduras seculares numa fúria espetacular! Vibro com os vencedores
empunhando as armas! Choro ao ver os corpos de inocentes estendidos nas
ruas! Quem suporta calado, ver a cracolândia esquecida;
a África faminta, morrendo à míngua; nossos vizinhos de fronteiras,
fugindo dos horrores da opressão imposta por implacáveis ditadores?
Por tudo isso, acho que muitos homens se tornaram
"cogumelos". Eu prefiro o "misterioso país das
lágrimas"!
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