O rigor dos dias frios e turbulentos, nos obrigam a manter as portas e janelas fechadas. Apenas as vidraças meio embaçadas, são nosso periscópio neste mar revolto de vento impiedoso: contorcendo árvores, arrancando delas as folhas em sucessivas lágrimas!
Recostado em minha cadeira, em silencio, observo a luta das andorinhas - as que não emigraram- em vôos convulsivos num sobe e desce caótico, desordenado!
Esse espetáculo confuso da Natureza atua de certa forma, como um "carcereiro", que nos coloca em "prisão domiciliar"!
Semelhantes às cerejeiras, atento para meus netos. Para eles é sempre Primavera! Nem o vento frio e a garôa fina, são capazes de mantê-los debaixo de cobertores. São como as andorinhas, que adoram a turbulência e descrevem nos céus, malabarismos de tirar o fôlego!
No Inverno, sou como uma paineira! Contudo, a renovação depois dos castigos do frio, jamais ocorrerá em nova florada!
Como nutriente em cinzas, espero descansar para sempre, aos pés daquelas árvores! Quem sabe um dia, uma semente venha germinar por perto e eu terei o privilégio em poder fertilizá-la!
" Ninguém pode conviver sozinho com a beleza que é capaz de perceber.
E quanto a nós, que buscamos o Absoluto, e que construímos um jardim usando
a nossa própria solidão, a Vida nos deixou a imensa paixão para aproveitar cada
instante, com toda a intensidade" Kahlil Gibran.