quarta-feira, 14 de março de 2012

"Os mascates".

Imigrante italiano no Brasil.
    A pequena propriedade da nossa família - um sítio  entre as cidades de Taubaté e Quiririm - era cercada de vizinhos: pequenos produtores também descendentes de italianos, como meus pais!
Pequenas propriedades - Agricultura familiar.








 Para viver do que a terra lhes provesse, tinham que colher a 
produção:  arroz, café, feijão ou milho. Mantê-la bem cuidada na tulha - quanto mais cheia melhor - e vendê-la aos poucos, até a próxima colheita. 

Todos sabemos dos riscos de perder a safra inteira, devido às intempéries.



Terreiro de secagem de grãos e a tulha ao fundo.
    Em qualquer país, a vida do
pequeno produtor rural sempre foi de sacrifícios e incertezas.   Ainda hoje, poucos contam com a ajuda dos governos.


    Assim, todo o comércio e demais serviços à disposição daquelas comunidades, dependiam do sucesso das colheitas!




Trabalho árduo dos "pequenos".
    Devido à proximidade dos sítios com as cidades, era frequente a visita de mascates, de origem judaica em sua maioria. Traziam às costas pesadas malas!  Sob um sol escaldante - vestindo terno e gravata - os "turcos", como eram chamados, caminhavam enormes distâncias para atender sua freguesia!  Minha mãe - excelente costureira - era uma de suas freguesas. Dentro daquelas malas tinha de tudo: cortes de tecidos, linhas, agulhas, zíperes, botões..."Gompra, gompra freguesa... Zalim facilita... zó paga no colheita", dizia o "turco"!


    Às vezes corríamos ao encontro deles, curiosos pelas novidades que certamente, trariam nas malas!




O  sacrifício do mascate.
    Aqueles personagens da minha infância - que no começo vinham à pé, depois de bicicleta; mais tarde de charrete...De repente desapareceram! Nunca mais ouvi falar dos "turcos"!


    Até que um dia - quando meu pai vendeu o sítio e nos mudamos para a cidade - encontrei as lojas do agora "sírio-libanês":  Mansur, Massud, Abud... 


    O sucesso daqueles incansáveis "mascates", serviu de estimulo e exemplo de dedicação ao trabalho, para a minha geração!


     "Querer ser bem sucedido sem trabalhar duro é como querer colher sem plantar". David Bly.


    "Para ser bem sucedido no trabalho, a primeira coisa a fazer é apaixonar-se por ele". Mary Laurette.

Um comentário:

  1. Muito bom!
    Também relembrei a minha infância.Meus avós maternos viviam em uma produtiva chácara, e...lá também passava um mascate.

    Parabéns!

    Angélica

    ResponderExcluir

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Lembrando Saint Éxupery:"Aqueles que passam por nós, não vão sós. Não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós".
Obrigado pela visita!
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