quarta-feira, 17 de julho de 2013

Sinal dos Tempos!



   Nós, seres humanos, somos muito complicados!

   Parece que quanto mais tentamos nos fazer entender, mais barreiras encontramos!

Imagem rara.



    À medida que envelhecemos, nossas ideias, sugestões e até ponderações, são rechaçadas com os gestos frequentes de cabeças baixas a balançar de um lado ao outro, acompanhado de um leve estalar de lábios, como se um absurdo fora pronunciado;  como se uma agressão aos sensíveis ouvidos fora desferida!  Descobrimos enfim,  que estamos ficando muito velhos!
   
   Aquela imagem da criancinha sentada aos pés do ancião– na porta da tenda  do velho apache transmitindo ensinamentos  através de parábolas – está  relegada ao folclore !


    Há alguns anos, frequentemente,  eu tirava uma tarde livre do meu trabalho para visitar um velho amigo.  Contava ele, com  mais de 80 anos de idade - médico  aposentado e proprietário de uma antiga  fazenda de café.  Era conhecido na cidade como  o médico do povo.  – "Meu consultório era na rua, dizia ele...As pessoas me paravam para me contarem seus problemas".  Além de excelente médico e humanista exemplar, ainda  sabia  como produzir um café de qualidade incomparável, cultivado na sua  fazenda e servido às visitas, sempre em um bule sobre a mesa,  acompanhado  de um delicioso bolo de milho.

   Enquanto saboreávamos aquele momento, da mesa da sala - através dos vidros da fachada do casarão – assistíamos mais abaixo, os raios de sol no fim da tarde projetando as sombras das árvores sobre o terreiro de secagem do café! 


     A historia da vida desse nobre amigo - agora fragilizado e quase imobilizado pelo tempo, sei  de cor.  Seus ensinamentos  careciam de ouvintes jovens, mas ele não tinha filhos!  Sua esposa,  também idosa, era  a testemunha fiel de  um passado de lutas e conquistas!  As riquezas patrimoniais adquiridas ao longo da vida, já estavam destinadas aos empregados da fazenda, que desde a infância  - filhos de antigos escravos – aprenderam  a cuidar dos cafezais como se deles fossem.  – "Nada mais justo,  reconhecia ele.   Já registramos  o testamento no Cartório".

   Vivi inesquecíveis momentos em companhia do saudoso Doutor Miguel Scavone e Dona Nida, os quais, infelizmente,  já nos deixaram há alguns anos!

  Crescer  aprendendo a ouvir as histórias de nossos  antepassados ,  sempre foi uma prática da nossa família – de origem italiana – que tinha na pessoa  do nono ou da nona,  a figura "esteio",   o patriarca ou a matriarca, sobre a qual o olhar dos demais  convergiam;  motivo da reunião familiar domingueira para saborear a sagrada macarronada acompanhada de um bom vinho e muita música!

  Não sei dizer se o momento  tecnológico sob o qual  hoje vivemos  nos aproximou ou distanciou de nossos verdadeiros amigos!    A  frieza  de uma conversa virtual, mesmo através do vídeo,  nem de longe, substitui aqueles encontros! 

   "Há duas épocas na vida, infância e velhice, em que a felicidade está numa caixa de bombons". Carlos Drummond De Andrade.

                           As imagens desta postagem foram encontradas aqui.

2 comentários:

  1. Que texto lindo e para muita reflexão.
    Acabei de ter certeza que estou ficando velha. Rs A minha felicidade está nas pequenas coisas.
    Amei essa primeira imagem. É tão lindo momentos como esses, que merecem ser eternizados.
    Uma linda semana! Beijos

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  2. Tenha uma linda semana, você também, Lucinha! E boas férias!Beijos!

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Seu comentário é o que torna especial esta postagem. Enriquece extraordinariamente o conteúdo!
Lembrando Saint Éxupery:"Aqueles que passam por nós, não vão sós. Não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós".
Obrigado pela visita!
Abraços!

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