sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Pai!

 
Imagem Google

POSTAGEM  ESPECIAL  DO  "DIA DOS PAIS".
    


      É  a transcrição de um texto que encontrei numa página do meu filho Hugo, na Internet.  Lembrei-me dos últimos anos que passei na companhia do meu pai antes da sua partida.  É uma homenagem a todos os pais que se tornaram filhos e filhos que se tornaram pais.

      Lembro-me de meu pai Agostinho tocando em seu acordeon dizendo: " Essa é a valsa que dancei com sua mãe no dia do nosso casamento".  


           Música opcional 

   
       
"Todo filho é pai da morte de seu pai!
         (Fabrício Carpinejar)

      Feliz do filho que é pai de seu pai antes da morte, e triste do filho que aparece somente no enterro e não se despede um pouco por dia!

      Há uma quebra na história familiar onde as idades se acumulam e se sobrepõem e a ordem natural não tem sentido: é quando o filho se torna pai de seu pai. É quando o pai envelhece e começa a trotear como se estivesse dentro de uma névoa. Lento, devagar, impreciso. 


     É quando aquele pai que segurava com força nossa mão já não tem como se levantar sozinho.
     É quando aquele pai, outrora firme e intransponível, enfraquece de vez e demora o dobro da respiração para sair de seu lugar.
     É quando aquele pai, que antigamente mandava e ordenava, hoje só suspira, só geme, só procura onde é a porta e onde é a janela - tudo é corredor, tudo é longe.
     É quando aquele pai, antes disposto e trabalhador, fracassa ao tirar sua própria roupa e não lembrará de seus remédios. 


     E nós, como filhos, não faremos outra coisa senão trocar de papel e aceitar que somos responsáveis por aquela vida. Aquela vida que nos gerou depende de nossa vida para morrer em paz.


     Todo filho é pai da morte de seu pai. Ou, quem sabe, a velhice do pai e da mãe seja curiosamente nossa última gravidez. Nosso último ensinamento. Fase para devolver os cuidados que nos foram confiados ao longo de décadas, de retribuir o amor com a amizade da escolta.

      E assim como mudamos a casa para atender nossos bebês, tapando tomadas e colocando cercadinhos, vamos alterar a rotina dos móveis para criar os nossos pais. 

     Uma das primeiras transformações acontece no banheiro. Seremos pais de nossos pais na hora de pôr uma barra no box do chuveiro. A barra é emblemática. A barra é simbólica. A barra é inaugurar um cotovelo das águas!

     Porque o chuveiro, simples e refrescante, agora é um temporal para os pés idosos de nossos protetores. Não podemos abandoná-los em nenhum momento. Inventaremos nossos braços nas paredes. A casa de quem cuida dos pais tem braços dos filhos pelas paredes. Nossos braços estarão espalhados, sob a forma de corrimãos. Pois envelhecer é andar de mãos dadas com os objetos, envelhecer é subir escada mesmo sem degraus!


     Seremos estranhos em nossa residência. Observaremos cada detalhe com pavor e desconhecimento, com dúvida e preocupação. Seremos arquitetos, decoradores, engenheiros frustrados. Como não previmos que os pais adoecem e precisariam da gente? Nos arrependeremos dos sofás, das estátuas e do acesso caracol, nos arrependeremos de cada obstáculo e tapete.
     E feliz do filho que é pai de seu pai antes da morte, e triste do filho que aparece
somente no enterro e não se despede um pouco por dia!


     Meu amigo José Klein acompanhou o pai até seus derradeiros minutos. No hospital, a enfermeira fazia a manobra da cama para a maca, buscando repor os lençóis, quando Zé gritou de sua cadeira:
— Deixa que eu ajudo.
Reuniu suas forças e pegou pela primeira vez seu pai no colo.
Colocou o rosto de seu pai contra seu peito.
Ajeitou em seus ombros o pai consumido pelo câncer: pequeno, enrugado, frágil, tremendo!
Ficou segurando um bom tempo; um tempo equivalente à sua infância; um tempo equivalente à sua adolescência; um bom tempo, um tempo interminável!
Embalou o pai de um lado para o outro.
Aninhou o pai.
Acalmou o pai.
E apenas dizia, sussurrando:
— Estou aqui, estou aqui, pai!


     O que um pai quer apenas ouvir no fim de sua vida é que seu filho está ali."


     " Espera de teu filho o que fizeste com teu pai". Tales de Mileto.


                    Nesse dia 10 de Agosto, comemore o "Dia dos Pais"!

10 comentários:

  1. Oi, Vitorio!
    Não tive a mesma sorte sua de conviver com meu pai. Quando ele faleceu, eu tinha apenas 5 anos. Mesmo assim, as poucas lembranças que tenho, me são caras! Já a minha mãe, me despedi dela enquanto estava em coma. Fiquei dia e noite do seu lado e só arredei o pé quando ela faleceu. Senti não ter a última conversa com ela.
    É valoroso para a vida cumprir o que é natural nas relações entre pais e filhos.
    Antecipadamente te dou os parabéns pelo dia dos pais!!
    Comemore bastante!!
    Beijus,

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  2. Oi Luma!
    Em nossa família, desde meu avô paterno, filhos se tornaram pais. Quando meu pai adoeceu, aos 87 anos, eu e minhas irmãs cuidamos dele! Agora, depois do meu acidente, meus filhos cuidam de mim.
    Grande beijo e boa semana!

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  3. /Por aqui celebra-se a 19 de março, mas todo o dia é bom para festejar.

    Uma linda homenagem.

    Beijinhos

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  4. OI VITORNANI!
    UM TEXTO SOBERBO, REAL, CHOCANTE E MAIS DO QUE TUDO, EMOCIONANTE, POIS, CONFESSO QUE CHOREI AO LÊ-LO.
    ACHO QUE, PARA QUEM TEVE UM PAI DE VERDADE, POR MAIS QUE TENHA TENTADO FAZER ESTE PAPEL DE "PAI" OU "MÃE' DE SEU PAI, QUANDO ELES SE VÃO, FICAMOS COM AQUELA IMPRESSÃO DE QUE PODERÍAMOS TER FEITO MAIS, POIS "MUITO" É PRECISO PARA RETRIBUIR O QUE NOSSOS QUERIDOS FIZERAM POR NÓS.
    ABRÇS

    http://zilanicelia.blogspot.com.br/

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    Respostas
    1. O que me estimula até hoje, foram os ensinamentos que meu pai deixou em todos os filhos, pelo exemplo nas atitudes,
      no caráter e um grande coração humanitário. Abraços!

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  5. VITORNANI,

    uma postagem emocionante!

    Parabéns.

    Um abração carioca.

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  6. Meu amigo tive a grande felicidade de ter um Grande, Grande PAI, um homem maravilhoso que infelizmente faleceu há 2 anos com 87 anos. Quantas saudades eu tenho dele.
    Hoje venho especialmente para agradecer o seu carinho ao ter festejado comigo um momento de grande alegria, pois para mim ir ser avó é algo de mágico e especial. Obrigado do coração pela sua preciosa mensagem. “A amizade duplica as alegrias e divide as tristezas. “(Francis Bacon)
    Beijinhos
    Maria

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    Respostas
    1. Então somos dois, que nos enchemos de orgulho por termos tido grandes pais!
      O meu pai também viveu até os 87 anos!
      Obrigado a você também pela bela mensagem!
      Beijo.

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Seu comentário é o que torna especial esta postagem. Enriquece extraordinariamente o conteúdo!
Lembrando Saint Éxupery:"Aqueles que passam por nós, não vão sós. Não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós".
Obrigado pela visita!
Abraços!

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