sexta-feira, 16 de novembro de 2012

"Alma Sertaneja" .


       Foi em Taubaté - famosa por ser o berço de grandes personalidades do cenário nacional, destacando-se  dentre elas o mais conhecido ,  Monteiro Lobato,  que eu - a exemplo de  muitos jovens daquela época - trabalhei em diversas atividades no comércio e serviço daquela cidade, especialmente na Rádio Cacique de Taubaté, nas funções de "operador de som".




     Éramos jovens com idade entre 16 e 25 anos. Tínhamos quase sempre dois empregos:  o de radialista, era mais divertido e viciador! É que mesmo estando de folga, era na Rádio que passávamos nosso tempo de descanso!


Na Rádio Cacique, Celly Campello fez sua estréia. 
    Havia um longo programa - que começava às 06:00 horas, e era, magistralmente, apresentado pelo saudoso Anacleto Rosas Junior .  O horário era dedicado à divulgação de trabalhos de cantores e compositores sertanejos. 



     Uma das gravações que o Anacleto sempre programava e se emocionava ao anunciar, era um poema declamado, com um fundo de "viola",  chamado Adeus Papai, Adeus Mamãe - de Silveira e Barrinha:  

     " Qual uma ave que sai do ninho que ela nasceu, eu saio de vossos braços para trilhar passo a passo, a sina que Deus me deu.
    É chegada a triste hora, de eu ir pelo mundo afora, mas levarei na lembrança, essa casa onde eu nasci e onde feliz eu vivi, desde o tempo de criança.
    Quanto mamãe padeceu para criar os filhos seus, por isso que eu vou embora, preciso lutar com a vida, para lhe dar mãe querida, mais conforto pra senhora.
    É nesse triste momento, vou fazer um juramento, que só voltarei para trás se eu conseguir triunfar, porém, se eu fracassar, aqui eu não volto mais.
    Um pedido eu vou deixar, a quem por mim perguntar, a todos os amigos meus, que eu fui sem me despedir temendo não resistir a hora triste do adeus.
    Guarde bem meu violão, colega de solidão que sofreu junto comigo, nas noites enluaradas, nas saudosas madrugadas, foi ele, o melhor amigo.
    Meu canário seresteiro, que eu mesmo fiz prisioneiro para ouvir ele cantar, só depois que eu for embora, abra a porta da gaiola e deixa ele voar.
    Feche meu cão policial, para que o pobre animal não veja quando eu partir, solte ele no instante que eu estiver bem distante, pra ele não me seguir.
    Não chore, papai, não chore, não sou um filho que morre, vou apenas conhecer o mundo de lugar desconhecido, mas de meu papai querido, não esquecerei um segundo.
    Não chore, mamãe, não chore, eu vendo o pranto que corre sobre o seu rosto divino, chego a perder a coragem de seguir essa viagem para cumprir meu destino.
    Eu sei que em terras estranhas papai e mamãe me acompanham pertinho do coração, e sempre que a noite desce, eles dizem numa prece, filhinho, nossa benção.
    Nas ondas frias do vento, mandarei meu pensamento levar um recado meu, e dizer mamãe querida, não encontrei nessa vida, outro amor igual ao seu.
    Desce a noite silenciosa, cai o sereno nas rosas, surge  a lua lá na serra, mamãe vou partir agora, e quando raiar aurora eu estarei noutras terras.
    Adeus oh terra querida, onde eu tive nesta vida os primeiros sonhos meus, adeus serras e campinas, rios de águas cristalinas, adeus papai e mamãe, adeus!"



      Dedico esta postagem ao inesquecível e saudoso  Renato Ribeiro de Oliveira,  meu amigo de "Alma Sertaneja"!

6 comentários:

  1. Gosto das músicas sertanejas antigas, como dizem "de raíz". Elas sempre traziam grande sentimento e valores.
    Quando vou para Campos do Jordão, ainda escuto umas modas de viola.
    Na minha época de faculdade, fui locutora em uma rádio, mas por pouco tempo pois arrumei um outro modo de trabalhar com música. Gostava muito!!
    Beijus,

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  2. Bom saber disso, Luma. O Rádio, também acrescentou um pouco de conhecimento de música de todos os gêneros à minha formação. Valeu! Bjs.

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  3. Trabalhar na rádio da cidade, foi um sonho! Que bom que você realizou, onde morei isso dava uma baita moral aos meninos
    abs
    Jussara

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  4. Sim, Jussara. Não sei onde você morou, mas na minha cidade dava o maior status, mesmo sendo numa pequena rádio. Abraços!

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  5. Música Sertaneja me faz lembrar momentos lindos que passei em minha vida.
    Tenho alguns Cds aqui comigo, e vou ouvi-los em breve.
    Obrigada pelo seu amável comentário lá no blog. Eu mudei o meu tradutor há pouco tempo atrás, mas vou fazer novamente assim que sair daqui.
    Gostei muito daqui também, e volto com mais calma. Percebi que os assuntos são super interessantes.
    Um lindo final de semana! Abraços.

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  6. Eu que agradeço, Lucinha. Um lindo final de semana pra você também! Abraços.

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Seu comentário é o que torna especial esta postagem. Enriquece extraordinariamente o conteúdo!
Lembrando Saint Éxupery:"Aqueles que passam por nós, não vão sós. Não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós".
Obrigado pela visita!
Abraços!

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